Sempre fui "a esquisita", nunca encaixei nos grupos, desde que me lembro.
Ou porque tinha sinais na cara (e sofri muito com isso), ou porque o meu pai era homossexual, ou porque era demasiado expressiva e as pessoas se sentiam incomodadas com isso.
Nunca me senti compreendida.
Era a solitária. Os únicos amigos que me lembro eram os da primária em que na altura só prestava atenção à brincadeira com os outros miúdos. Mas até aí era marginalizada sem notar...
Hoje ao olhar para trás, vejo isso.
E daí veio a minha intolerância aos comentários das pessoas.
Sempre me senti (e sinto) inferiorizada, pois nunca fui boa o suficiente para nada. Eu era a rapariga estranha que fazia dos livros os seus melhores amigos.
Não consigo encaixar.
Hoje tenho um reduzido grupo de amigos mas até nesses há certas coisas que noto. Continuo a ser a rapariga estranha do grupo, com as suas características e modos diferentes, e que vai ser sempre olhada um pouco de lado.
Espero que, pelo menos, exista alguém, para além da minha família, que me ache "normal" o suficiente. Porque este sentimento persegue-me para sempre...